Demorei, mas entrei nos eixos, arrumei a bagunça,
me baguncei apenas nas noites de sexta e foram apenas nessas sextas isoladas que me permiti pensar em você, no seu sorriso, nos seus olhos,
na sua voz não…
Pra não me perder, na sua voz não pensei,
mas no resto sim e mesmo assim quando o dia amanhecia e era sábado, eu
era sóbria e livre, eu era organizada e feliz e eu podia gritar aos
quatros ventos que eu consegui arrumar a casa, a cama, o coração, a
vida, me arrumar.
Só que tu voltou e eu deixei que tu se explicasse,
no momento que ouvi tua voz, ali eu me perdi,
de novo, baguncei a cama com você, baguncei a casa pra fazer teu café
da manhã, baguncei minha vida quando tu disse que não veio pra ficar,
baguncei o coração quando chorei por medo de te perder de novo.
E eu hoje,
cansada, esgotada, sem animo, resolvi me
entregar, faz o que quiser, sou tua mesmo, sempre fui, se quiser
conviver com a minha bagunça interior, deixa as coisas como estão e se
não suportar, faz teus esforços e concerta tudo, mas eu já cansei,
cansei de reconstruir algo que eu vejo caindo nos teus braços quando tu volta,
cansei de lutar pra arrumar minha vida mesmo sabendo que ela já é sua,
que ela não tem jeito e se não quiser arrumar nada, optar por apenas ir
embora, vá, só que antes de ir, lembra de apagar o endereço, o
telefone, lembre de apagar a existência, a minha existência.